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Engenharia Natural

Editor convidado
Fabrício Jacques Sutili

Janeiro/Dezembro de 2013

Editorial

A Engenharia Natural, tema da presente edição de Ciência & Ambiente, constitui importante ferramenta técnico-científica destinada a proteger e estabilizar solos, taludes, estruturas hidráulicas, margens de cursos de água, voçorocas ou outras conformações existentes na paisagem natural ou artificial. Segundo a lógica dessa concepção, tais finalidades podem ser alcançadas mediante a utilização de materiais construtivos vivos – sementes, plantas, parte de plantas, associações vegetais – como complemento útil e por vezes necessário às técnicas tradicionais de Engenharia Civil.

Os primeiros registros bibliográficos, abordando o conhecimento artesanal e empírico em Engenharia Natural, surgiram na segunda metade do século XIX, tanto na Europa como na América do Norte. Essas referências constavam em publicações normalmente relacionadas às intervenções hidráulicas em cursos de água (manejo de torrentes) e às construções de estradas rurais e florestais. Mais adiante, em 1941, o engenheiro Arthur Freiherr von Kruedener cunhou o termo alemão “Ingenieurbiologie” (Engenharia Natural na tradução livre para o português) para designar um novo ramo da engenharia e, posteriormente, uma disciplina específica.

Nas décadas seguintes, o assunto ganhou uma série expressiva de trabalhos científicos, com destaque para as contribuições pioneiras do engenheiro austríaco Hugo Meinhard Schiechtl. Além de utilizar sistematicamente as novas técnicas na Europa Central e de ser autor de diversos livros sobre o tema, Schiechtl é também o responsável por tornar a Engenharia Natural uma disciplina acadêmica.

No Brasil, esse campo encontra-se em franca expansão, em virtude de sua elevação à condição de disciplina, em nível de graduação e de pós-graduação, e do surgimento de empresas especializadas no ramo.

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em particular, o aporte teórico da Engenharia Natural está presente, há décadas, no conteúdo programático de disciplinas como Manejo de Bacias Hidrográficas e Estradas Florestais. Isso se deve à grande influência das cadeiras ministradas na Universidade Rural de Viena, Áustria, instituição que mantém estreita relação com o Departamento de Ciências Florestais, desde a criação do mesmo no âmbito da UFSM em 1978.

Dessa parceria, a partir de 2002, surgem os primeiros projetos destinados à qualificação de alunos brasileiros e austríacos na área, sob a orientação de um dos mais conhecidos discípulos de Schiechtl, o professor Florin Florineth. Mais recentemente, ao construir uma estrutura física apropriada e ao manter uma linha de pesquisa, exclusivamente voltada para a Engenharia Natural, abriu-se na UFSM a possibilidade de geração continuada de conhecimentos e de efetiva colaboração com entidades públicas e privadas interessadas no tema.

São justamente os primeiros produtos gerados por essa linha de pesquisa, bem como as experiências de campo resultantes da interação com empresas, que compõem o número da revista Ciência & Ambiente que apresentamos aos leitores.

Sem sombra de dúvidas, a demanda por conhecimentos sobre recuperação de áreas degradadas só tende a crescer nos próximos anos. Nesse contexto, a contribuição da Engenharia Natural terá, por certo, grande utilidade prática, além de considerável relevância ecológica.

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Nota do editor: por razões operacionais e financeiras, as edições 46 e 47 de Ciência & Ambiente foram agrupadas em um único volume, publicado no mês junho de 2017.

Artigos

THE DEVELOPMENT OF SOIL BIOENGINEERING
AS AN ANALYTICAL DISCIPLINE

Fabrício Jaques Sutili e Elvidio Gavassoni

ASPECTOS TÉCNICOS DAS PLANTAS UTILIZADAS EM ENGENHARIA NATURAL
Rita dos Santos Sousa e Fabrício Jaques Sutili

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE ENGENHARIA NATURAL EM OBRAS DE INFRAESTRUTURA
Charles Rodrigo Belmonte Maffra e Fabrício Jaques Sutili

PLANTAS LENHOSAS COM POTENCIAL BIOTÉCNICO PARA USO EM OBRAS DE ENGENHARIA NATURAL NO BRASIL
Paula Letícia Wolff Kettenhuber, Rita dos Santos Sousa, Luciano Denardi e Fabrício Jaques Sutili

ENGENHARIA NATURAL PARA ESTABILIZAÇÃO HIDRÁULICA DO RIO PARDINHO EM SANTA CRUZ DO SUL – RS
Paula Letícia Wolff Kettenhuber, Júnior Joel Dewes e Fabrício Jaques Sutili

ENGENHARIA NATURAL PARA ESTABILIZAÇÃO HIDRÁULICA DE TRAVESSIA DUTOVIÁRIA NO ESPÍRITO SANTO
CASO 1
Rita dos Santos Sousa, Charles Rodrigo Belmonte Maffra e Fabrício Jaques Sutili

ENGENHARIA NATURAL PARA ESTABILIZAÇÃO HIDRÁULICA DE TRAVESSIA DUTOVIÁRIA NO ESPÍRITO SANTO
CASO 2

Charles Rodrigo Belmonte Maffra, Rita dos Santos Sousa e Fabrício Jaques Sutili