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Botânica no Cone Sul

Editor convidado
José Newton Cardoso Marchiori

Janeiro/Junho de 2011

Editorial

A vegetação, um dos elementos mais conspícuos na paisagem, estava a merecer um número especial de Ciência & Ambiente, uma vez que o tema foi apenas tangenciado na 24º edição, dedicada à Fitogeografia do Sul da América. O conhecimento sobre a flora e a vegetação no espaço regional se deve, inicialmente, à dedicação de uma plêiade de botânicos e naturalistas estrangeiros, responsáveis pela coleta sistemática de plantas ao longo do século dezenove. Incorporadas aos grandes herbários da época, foi com base no estudo dessas coleções que se estabeleceram os alicerces da Botânica regional, em obras como a famosa Flora Brasiliensis, que demandou mais de sessenta anos para ser concluída e envolveu a colaboração de 65 botânicos de diversos países, recrutados entre os mais notáveis especialistas nos distintos grupos de plantas.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, a lista dos eminentes botânicos que percorreram o Estado naquele período inclui, entre outros, Auguste de Saint-Hilaire, Friedrich Sellow, Aimé Bonpland, Carl Axel Magnus Lindman e Gustav Malme, nomes que figuram entre os grandes beneméritos da Scientia Amabilis em sua época. Em meados do século vinte, a Botânica passou a ser desenvolvida por cientistas oriundos do Estado ou que aqui viveram por longo tempo, como Balduíno Rambo, João Rick e Aloysio Sehnen, para citar apenas três dos mais conhecidos.

A difusão dos cursos superiores, notadamente em nível de Pós-Graduação, favoreceu o extraordinário desenvolvimento científico nas últimas décadas, de modo que a Botânica conta atualmente com um grupo bastante numeroso de pesquisadores. Com óbvias variações, sobretudo no tocante aos nomes envolvidos, esse mesmo percurso pode ser reconhecido tanto para o Estado de Santa Catarina quanto para os países vizinhos, Uruguai e Argentina.

Foi com vistas à revisão de parte dessa rica trajetória que o Conselho Editorial de Ciência & Ambiente propôs a organização de um volume dedicado à Botânica no Cone Sul, incluindo contribuições de estudiosos brasileiros, uruguaios e argentinos, consagrando, assim, o espírito de integração latino-americana, um princípio fundador da publicação. E, nesse caso, com um elemento inovador: a (re)valorização das continuidades vegetais e ecológicas que não necessariamente obedecem aos limites territoriais e políticos dos países.

Artigos

PALEOAMBIENTES DO CONE SUL DA AMÉRICA DO SUL
Soraia Bauermann, Hermann Behling e Valério Pillar

EL YVYRARETÁ
‘LA SELVA MISIONERA’ (ARGENTINA)
Marcelo R. Kostlin, Laura A. Kostlin e Nicolás Olalla

O INHANDUVÁ NO RIO GRANDE DO SUL
ENFOQUE FITOGEOGRÁFICO
Fabiano da Silva Alves e José Newton Cardoso Marchiori

POACEAE NO RIO GRANDE DO SUL
DIVERSIDADE, IMPORTÂNCIA NA FITOFISIONOMIA E CONSERVAÇÃO
Ilsi Iob Boldrini e Hilda Maria Longhi Wagner

ASTERACEAE BERCHT. & J. PRESL (=COMPOSITAE GISEKE) NO RIO GRANDE DO SUL
Leonardo Paz Deble e Anabela Silveira de Oliveira Deble

HISTÓRIA NATURAL DO EPIFITISMO VASCULAR NO RIO GRANDE DO SUL
Tiago Böer Breier

HISTORIA DE LA BOTÁNICA EN EL URUGUAY
DOS GRANDES BOTÁNICOS EXTRANJEROS AFINCADOS EN EL URUGUAY – ERNEST GIBERT Y CORNELIUS OSTEN
Eduardo Alonso Paz e María Julia Bassagoda

CRISE DA BIODIVERSIDADE, AINDA DISTANTE DA ECONOMIA
Paulo Brack

O HERBARIUM ANCHIETA
IMPORTÂNCIA DE BALDUÍNO RAMBO E ALOYSIO SEHNEM PARA A BOTÂNICA
Maria Salete Marchioretto

HERBÁRIOS CATARINENSES
Roseli Lopes da Costa Bortoluzzi, Ademir Reis, Adelar Mantovani e Zilda Helena Deschamps Bernardes