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Gestão Racional do Meio Ambiente

Editor
Delmar Bressan

Janeiro/Junho de 1992

Editorial

Norberto Bobbio, discutindo a periodização para uma história dos direitos humanos, refere-se a sucessivas gerações de direitos inerentes ao indivíduo, tais como expressos, inicialmente, na Declaração de Virgínia e na Declaração Francesa de 1789, exemplificados pelo direito de livre opinião e associação. A segunda geração de direitos abrange os direitos do indivíduo em relação ao trabalho, saúde e educação. Estes direitos de segunda geração são claramente complementares em relação aos primeiros. A terceira geração de direitos tem como traço peculiar sua titularidade: são os direitos de grupos ou coletividades, que vão desde a família até a própria humanidade. É neste complexo grupo de direitos de terceira geração que se inserem boa parte dos movimentos ecológicos. Mas, diz Bobbio, “já se apresentam novas exigências, que só poderiam chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica”, por exemplo.

Aproveitando e ampliando a sugestão de Bobbio, podemos dizer que, a cada uma destas gerações de direitos, corresponde uma ampliação da racionalidade, no sentido de uma progressiva consciência das responsabilidades não imediatas de nossas ações. Este movimento aponta, então, para a necessidade do trabalho interdisciplinar, para a cooperação dos cientistas dos mais diversos setores do conhecimento humano. Cada vez menos se aceita um modelo de cientificidade baseado no isolamento de seus agentes. Mas isso não significa, por outro lado, que o trabalho interdisciplinar seja uma prática evidente e cotidiana. Muito pouco se faz de concreto nesta direção, talvez pelo fato de que nem todas as áreas da atividade humana se prestem à integração. Não é, por certo, o caso do meio ambiente e dos desafios para sua gestão, que constituem excelente exemplo desta demanda de nosso tempo. Numa questão como esta estão presentes aspectos éticos, tecnológicos, econômicos, políticos, culturais; aqui também estão em jogo a própria natureza e as características das relações entre os homens e destes com a natureza. Portanto, é com a emergência de uma racionalidade assim ampliada que desejamos colaborar.

 

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