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Fauna Neotropical Austral

Editora convidada
Sonia Zanini Cechin

Julho/Dezembro de 2007

Editorial

O Brasil dispõe de um espaço territorial privilegiado do ponto de vista da biodiversidade, concorrendo com a Indonésia pelo título de nação mais rica do planeta em termos naturais. Possui a mais vasta biota continental da Terra e dois hotspots – o Cerrado e a Mata Atlântica –, além da maior área tropical úmida do mundo, o Pantanal. Dados recentes estimam que a fração brasileira da biota mundial seja de aproximadamente 13% e que abrigue 1,8 milhões de espécies. Os registros disponíveis dão conta da existência de 3.420 espécies de peixes, 814 de anfíbios, 684 de répteis, 1.696 de aves, 541 de mamíferos e entre 96.660 e 129.840 de invertebrados. Paradoxalmente, o país é alvo de um processo acelerado de destruição dos seus principais biomas, sendo essa uma das causas da perda continuada de diversidade biológica, genética e de ecossistemas.

Atento a uma realidade ecológica desconcertante que também é comum aos países vizinhos, o conselho editorial de Ciência & Ambiente, seguindo os moldes da 24ª edição dedicada à Fitogeografia do Sul da América, propôs a organização de um volume de cunho zoogeográfico, capaz de abarcar os principais grupos da Fauna Neotropical Austral com ocorrência abaixo do Trópico de Capricórnio.

A participação de renomados pesquisadores da Argentina, do Uruguai e dos estados do sul e sudeste do Brasil, associada à variedade de grupos da fauna efetivamente analisados e à integração com os tipos florísticos regionais, garantem a abrangência perseguida pelos idealizadores do 35º número da revista.

A publicação ganha em importância e oportunidade na medida em que, por exemplo, a faixa ocupada pelo bioma Pampa tem sido objeto de profunda interferência antrópica, no caso específico com a conversão de grandes áreas de campo em zonas de silvicultura, sem contar as demais atividades que causam impactos ambientais, como o plantio da soja e a introdução de outras espécies exóticas. Contra esse bioma em transformação há um preconceito recorrente: o de que áreas abertas são menos importantes para a conservação do que áreas florestais.

As políticas públicas, supostamente preocupadas com o desenvolvimento, desconsideram no mais das vezes as questões ecológicas e acabam por acelerar os processos de degradação. Assim, com esse esforço de revisão sobre os recursos faunísticos regionais, pretende-se estimular o sentimento de responsabilidade das instituições e das pessoas para com a fantástica biodiversidade que caracteriza o Neotrópico Austral.

Artigos

PERSPECTIVAS DA CIÊNCIA EM UM PAÍS MEGADIVERSO
Mauro Galetti

MOLUSCOS TERRESTRES NO CONE MERIDIONAL DA AMÉRICA DO SUL
DIVERSIDADE E DISTRIBUIÇÃO
José Willibaldo Thomé, Janine Oliveira Arruda e Letícia Fonseca da Silva

MARIPOSAS DEL SUR DE SUDAMÉRICA
(LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA Y PAPILIONOIDEA)
Ana Beatriz Barros de Morais, Helena Piccoli Romanowski, Cristiano Agra Iserhard, Maria Ostília de Oliveira Marchiori e Rosina Seguí

CRUSTÁCEOS ANOMUROS DE ÁGUAS CONTINENTAIS
DIVERSIDADE E ASPECTOS BIOLÓGICOS
Georgina Bond-Buckup e Sandro Santos

ICTIOFAUNA DA REGIÃO AUSTRAL
Luiz Roberto Malabarba e Maria Claudia Malabarba

ANFÍBIOS DA REGIÃO SUBTROPICAL DA AMÉRICA DO SUL
PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO
Paulo C. A. Garcia, Esteban O. Lavilla, José A. Langone e Magno V. Segalla

RÉPTEIS DAS PORÇÕES SUBTROPICAL E TEMPERADA DA REGIÃO NEOTROPICAL
Renato S. Bérnils, Alejandro R. Giraudo, Santiago Carreira e Sonia Z. Cechin

AVIFAUNA DAS REGIÕES SUBTROPICAL E TEMPERADA DO NEOTRÓPICO
DESAFIOS BIOGEOGRÁFICOS
Fernando Costa Straube e Adrian Di Giácomo

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE MAMÍFEROS TERRESTRES NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Nilton C. Cáceres, Jorge J. Cherem e Maurício E. Graipel

BIOGEOGRAFIA DE QUIRÓPTEROS DA REGIÃO SUL
Susi Missel Pacheco, Margareth L. Sekiama, Kleber Pinto A. de Oliveira, Fernando Quintela, Marcelo M. Weber, Rosane V. Marques, Daiane Geiger e Daniele Damasceno Silveira

CONSERVAÇÃO DA FAUNA NEOTROPICAL AUSTRAL
SITUAÇÃO E DESAFIOS
Márcio Amorim Efe