A divulgação científica, no Brasil, ainda é feita por cientistas ou incentivada por órgãos e instituições muito próximas à ciência. Essa situação, no entanto, tende a modificar-se rapidamente.

Cada vez mais, os grandes veículos da imprensa reconhecem a necessidade de dedicar espaços a notícias sobre ciência e tecnologia. Os avanços do conhecimento e as inovações que deles derivam, e que, por vezes, provocam desconfiança e medo na população, têm feito com que jornais, revistas e redes de televisão procurem transmitir, em linguagem acessível, o real significado de tais transformações. Existe, portanto, na sociedade, uma demanda por informação sobre ciência, envolvendo, com freqüência, suas implicações éticas, sociais e políticas.

Reconhecendo a importância da Divulgação Científica para o cidadão em geral e para a comunidade acadêmica, em particular, a Comissão Editorial de Ciência & Ambiente decidiu dedicar uma de suas edições ao tema. E para levar a cabo a tarefa, convidou alguns dos principais nomes brasileiros ligados à questão, de modo que pudessem expor suas experiências e seus ideais. Dos convidados, um aspecto relevante: boa parte deles atua em veículos de divulgação científica com características distintas, o que os leva a empregar estratégias igualmente distintas em sua complexa missão de informar e estimular o diálogo dos cientistas com o público. Os autores, no entanto, não se limitam a descrever suas atuações, mas as problematizam, o que é feito levando-se em consideração as experiências profissionais de cada um.

Com este conjunto de reflexões e práticas que dão forma à 23ª edição de Ciência & Ambiente, esperamos contribuir para o aprofundamento das discussões sobre um tema central no desenvolvimento da sociedade. Afinal, não se deve perder de vista que a divulgação científica assume papel imprescindível na intermediação entre o mundo cotidiano das pessoas e o mundo distante e aparentemente incompreensível da ciência.