Muitos desses problemas não existiam até pouco tempo atrás, seja, por exemplo, o patenteamento de organismos animais, seja a questão dos direitos das gerações futuras.

Vemos também multiplicarem-se as disciplinas de deontologia nos currículos profissionais; surgem comissões e conselhos de ética em hospitais e empresas, e novas áreas de investigação se afirmam, como a bioética.

Sob que formas essas expressoes – ética e ciência – podem andar juntas? Ensina uma antiga tradição que toda ciência tem um compromisso com a verdade, e que a conduta humana livre pode ser avaliada sob o ponto de vista da bondade. Por mais que essas expressões – verdade e bondade – tenham sido castigadas por sucessivas ondas de denúncias de usos ingênuos, elas permanecem referenciais inarredáveis em nosso cotidiano. As variedades da ciência – suas pesquisas e descobertas, pautadas pela noção de verdade –, são apenas uma face da variedade das ações do homem, que se deixam pensar pelos conceitos de bom e mau.

O verdadeiro e o bom, nesse sentido, sempre foram vizinhos, como nos ensina a tradição. Não poderíamos encontrar, por essa via, uma forma de pensar que a ciência nunca foi neutra, como querem alguns, mas que, por outro lado, os usos políticos sempre rebaixaram as exigências éticas contidas no seu interior?

Que os artigos que integram este número da revista possam contribuir para discussões tão atuais, são os votos dos editores.